Após um convite irrecusável de um grande amigo, e muitos dias de "sobre o que eu posso escrever", finalmente encontrei um tema em que talvez eu tenha facilidade em me expressar.
Bom, como todos os adolescentes no ensino médio eu tinha um professor pelo qual meu ódio era indisfarçável, os motivos pelos quais me levaram a odiá-lo foram suas aulas massivas e suas doutrinações em sala de aula. Ele como bom cristão, conservador, pai de família, que zela pela moral e os bons costumes sempre me ridicularizando por pensar diferente, me fez ver o quão mesquinha uma pessoa extremista pode ser.
Apesar de odiá-lo, eu não podia fazer nada, então meus últimos três anos na escola foram tendo aulas com esse senhor, que apesar de um ser humano não tão interessante tinha uma inteligência inegável em diversos assuntos, e uma incrível capacidade de persuadir.
Seus métodos de ensino não eram lá os mais agradáveis, porém em todos os bimestres era necessário que cada aluno fizesse a leitura de um livro e o apresentasse para a turma com detalhes, personagens, ocorridos, entre outros... O problema é que muitos odiavam ler, e eu apesar de gostar de aprender confesso que as vezes a vontade de somente ouvir uma música e descansar é bem maior que a de ler um livro, mas nem por isso deixava de ler e apresentar.
Sempre fui muito comunicativo, tinha facilidade de falar em frente aos outros alunos e sempre achava as palavras certas. logo minhas notas nesses trabalhos eram razoavelmente altas.
Ocorreu então que no último bimestre, do último ano, o professor decidiu que escolheria ele mesmo os livros que cada um deveria apresentar, o frio na espinha foi inevitável, cada aluno sem nenhuma exceção teve um certo medo do que nos esperava. Então na semana seguinte o professor chegou com os nomes dos livros que cada um iria ler, como eu pudia esperar, um livro com o nome " Demônios" de Aluísio de Azevedo, a princípio não liguei muito para o livro, pensei ser mais uma das doutrinações do tal professor, então deixar para a última hora. A famosa e infeliz última hora, o momento que todo aluno já passou, quer seja dedicado ou não, o momento decisivo que nem é tão decisivo assim, mas que pode te levar a uma bronca daquelas ou uma nota vermelha estampada no boletim. Após procurar por alguns resumos do livro decidi tomar coragem para o ler, então comecei uma incrível jornada por um conto onde a ficção científica começa a ganhar vida, um conto onde a necessidade de terminar é insaciável, o desejo para que o fim chegue e ao mesmo tempo para que nunca acabe. Um amor incalculável por esse conto é o que sinto, esse pequeno conto, indicado por um homem que de certa forma eu odiei por tanto tempo, um homem que apesar de seu extremismo tem sentimentos, tem uma vida, uma família e tem amor pelo que faz.
Por todas as aulas em que eu não prestei atenção, por todas as aulas que eu passei conversando, por tudo que eu lhe fiz de mal professor te peço desculpas, pois tu mesmo que ganhando pra isso faz com amor o que muitos nem sequer fazem em casa com seus filhos, você educa. Muito obrigado professor, nem todas as minhas palavras seriam suficientes para expressar minha gratidão por ti.
Por todas as aulas em que eu não prestei atenção, por todas as aulas que eu passei conversando, por tudo que eu lhe fiz de mal professor te peço desculpas, pois tu mesmo que ganhando pra isso faz com amor o que muitos nem sequer fazem em casa com seus filhos, você educa. Muito obrigado professor, nem todas as minhas palavras seriam suficientes para expressar minha gratidão por ti.
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